A Arquidiocese de Juiz de Fora recebeu nessa quinta-feira, 20 de dezembro, da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG), a cessão de uso da Capela Santa Teresinha. Os representantes de ambas as partes participaram de reunião para a de um contrato, com vigência de cem anos e possibilidade de renovação. 1r1md
Na ocasião, compareceram o arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, o Comandante da 4ª Região de Polícia Militar, Coronel Alexandre Nocelli, o Tenente Coronel Alessandro Heleno Bernardo, que é Chefe do Estado Maior da 4ª Região da PM, além de integrantes da Comissão de Bens Culturais da Arquidiocese e o Padre Everaldo José Sales Borges, pároco da Paróquia Santa Teresinha, à qual a capela se integrará. Outros sacerdotes e leigos estiveram presentes, como o advogado Dr. Joaquim Moraes Júnior, da Assessoria Jurídico-Civil, que acompanhou o processo de cessão da capela desde o início.
A igreja, localizada próximo à sede do 4º Comando Regional da Policia Militar, no Bairro Santa Terezinha, foi construída na década de 1920 e tombada como patrimônio histórico-cultural em nível municipal em 1999. No entanto, desde então vem sendo inutilizada. Algumas tentativas da comunidade local foram realizadas para que tal espaço fosse reaberto. Entre idas e vindas, em 2011, a igreja foi fechada definitivamente devido ao estado avançado de deterioração em que se encontrava.
Para Dom Gil, esse foi um dia histórico para toda a Zona da Mata. “É um momento bastante importante para nós recebermos esse patrimônio cultural sacro”. Ele apontou a necessidade de focar os esforços em restaurar essa obra de arte e organizar o espaço para que possa voltar a ser aquilo para o que foi construído: sediar a celebração da liturgia católica.
O arcebispo ainda falou sobre o uso da arte enquanto elemento evangelizador e que Santa Teresinha soube, tal como a arte sacra, comunicar o belo. Além disso, expressou sua gratidão a todos os envolvidos no processo de negociação.
Já Coronel Nocelli ressaltou a sua satisfação em ver o progresso rumo a salvaguardar esse patrimônio. “Temos certeza que aquele templo, que a gente tem muito carinho, vai ser efetivamente utilizado como templo litúrgico, para que [assim] os policiais militares possam retornar àquela igreja”, disse o comandante.

A Arquidiocese de Juiz de Fora tem se empenhado em prol dos bens culturais da Igreja, mas a conquista é importante também por outros motivos. Segundo Padre Everaldo, “é um reforço para a paróquia de Santa Teresinha. Para nossa comunidade é muito importante, porque os moradores do entorno contam aquela porção da área paroquial como uma comunidade”. Uma curiosidade é que a paróquia nasceu justamente por conta da pequena capela em questão.
O sacerdote será o responsável por coordenar a comissão que trabalhará pela restauração da capela. O grupo foi nomeado por Dom Gil ao final da reunião. O objetivo é que o templo possa estar em uso até outubro de 2019, mês de sua santa padroeira.
Sobre a Capela Santa Teresinha

Foi em 29 de julho de 1926, 25 anos após a instalação definitiva da sede do Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais em Juiz de Fora, que o então Tenente Coronel João Franco de Couto, ao assumir o comando da unidade do 2º Batalhão, tomou a iniciativa de construir uma capela, inicialmente para atender às necessidades religiosas dos militares e de suas famílias, num morro à direita do quartel, onde estava localizada a Praça do Cruzeiro dos Militares.
Seguindo tradições herdadas pelos portugueses no que se refere à implantação dos templos católicos, o local foi escolhido no sentido de fazer com que a igreja fosse vista à grande distância e que assim, de certa forma, ressaltasse a sua proximidade com o céu.
A capela foi inaugurada em 2 de outubro de 1927, tendo como padroeira – ao contrário da tradição militar de escolhas de santos protetores como Santo Expedito ou São Jorge -, Santa Teresinha, a “Santa dos Tempos Modernos”, que havia sido canonizada no ano anterior e cuja devoção se iniciava no Brasil.
Segundo informações contidas no dossiê de tombamento da igreja, essa foi a segunda Instituição Religiosa Brasileira erguida em homenagem à santa. No princípio, o templo recebia apenas os militares católicos, mas, com o ar do tempo, a comunidade do bairro também começou a usá-la, ando a participar das celebrações que aconteciam todos os domingos, conduzidas pelo capelão da própria PM.

Aos poucos, principalmente a partir da década de 1990, as celebrações foram deixando de ser feitas na capela, provavelmente pela falta de interesse do comando do Batalhão de zelar pelo local. Em 1997, foi rezada a última missa e o templo foi fechado por falta de condições, devido ao seu péssimo estado de conservação. Em 2002, a capela foi reaberta, mas continuava sem condições de uso.
Em maio de 2011, a comunidade fez um mutirão para a limpeza da igreja, que voltou a receber a celebração de missas em um sábado por mês. Apesar disso, não foi possível continuar com as celebrações devido ao estado avançado de deterioração em que se encontrava. Assim, a capela foi fechada definitivamente, situação em que permanece até os dias atuais.
*Informações do Histórico da Capela Santa Teresinha