No último sábado, dia 7 de outubro, o auditório da Cúria Metropolitana foi o ponto de encontro escolhido para um momento de estudo da Igreja Particular de Juiz de Fora. O evento, inserido na programação da Semana da Vida, reuniu diversos agentes de pastorais para ouvirem palestras voltadas para o tema das drogas e o aborto. 43283q
O Vigário Episcopal para Vida e Família, Pe. Laureandro Lima da Silva, esteve acompanhando as explanações e comentou sobre o objetivo do momento. “ O dia de hoje é o momento para a gente desenvolver uma formação, trocar experiências e acompanhar a discussão que será ministrada por pessoas que irão trazer contribuições para conhecermos mais os desafios em relação as drogas e como podemos lutar contra o aborto”, explicou ele.
Os trabalhos foram iniciados com um breve momento de oração, pedindo as luzes do Espírito sobre o local e com escuta da palavra. Na sequência, o diretor-presidente da Fazenda Esperança, unidade de Guarará (MG), Tarcísio Valle Costa, explicou sobre o processo de acolhida, a metodologia do local e o acompanhamento dos assistidos. “Nós não trabalhamos com medicamento para deixar a drogadição. O que deixa a drogadição é a mudança de hábito. E a esperança é justamente nessa mudança, né? Quando tem essa mudança no comportamento, é que vem a esperança de perseverar cada dia, cada dia novo vivendo o evangelho, vivendo a Palavra, amando o próximo, ajudando sempre o seu irmãozinho no caminho da nova vida. O homem novo, deixa o homem velho de lado com as suas brutalidades, sua falta de compromisso, e é uma vida nova dali pra frente depois desses 12 meses”, contou Tarcísio.
O acolhimento aos dependentes de drogas químicas 385d1c
A história do que acontece na Fazenda da Esperança ganhou um rosto quando Leandro Souza começou a falar. Ele deu seu testemunho sobre como chegou ao caminho das drogas, como foi parar na fazenda e como foi sua recuperação. O jovem acostumado a trabalhar em escritório por muitos anos, não sabia muito sobre a lida do campo. Também não costumava concluir seus projetos e atividades. “O que chamou minha atenção [na fazenda], foi a acolhida. Fui abraçado e aos poucos fui entendendo a proposta da fazenda”, afirmou.
“Sou um es, es com “s”, aquele que faz o processo de recuperação. Um Embaixador Esperança, uma graduação dada pelo o Papa Bento XVI. A abordagem é muito cheia de espinhos. Quando alguém tentava ajudar, eu estava cheio de espinhos. Hoje eu vivo esse outro lado, participo das partilhas. [Hoje vejo que] a mão está estendida, mas o adicto tem que pegar”, relatou ele.
Aborto 31522s
Na sequência, as falas seguintes abordaram a pauta do aborto, o projeto de descriminalização, pelo viés jurídico e da saúde. A advogada especializada em psicopatologia forense, Eveline Caputo Andrade, contextualizou a situação, explicou o que é o processo que está tramitando e de onde ele surgiu.
O que é a ADPF?
A ADPF é a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, prevista na Constituição de 1988. O código penal é de 1940, ou seja, todas as leis que foram feitas antes de 1988 não tinham conhecimento da Constituição de 1988. No entanto, dentro da Constituição existe um remédio para solucionar isso. Se houver alguma norma garantida que esteja violando a Constituição, ou mais especificamente, violando o preceito fundamental da Constituição, é possível entrar com uma ADPF. A ADPF é uma exceção ao descumprimento dessa norma de preceito fundamental, que são as normas que chamamos no Direito Internacional de Direitos Humanos.
Para a constituição ser modificada existe um quórum alto para que ela seja mudada. No entanto, não é qualquer artigo que pode ser mudado. Existem normas que são consideradas pétreas, cláusulas petrificadas, ou seja, são as cláusulas que envolvem os direitos mais fundamentais da vida do ser humano, como o direito à vida, a liberdade, a igualdade.
Eveline apresentou os dois artigos do Código Penal que estarão sujeitos a mudança, caso a ADPF seja aprovada. “Artigo 124: A mulher que provocar o próprio aborto ou consentir que outrem o provoque, com pena de detenção de um a três anos. Artigo 126: Provocar aborto com o consentimento da gestante, com pena de reclusão de um a quatro anos. Eles tentam tirar esses dois artigos do código penal, alegando que eles violam a constituição e seus preceitos fundamentais, com base em uma decisão anterior do STF do ministro Barroso, que diz que o aborto não pode ser criminalizado. Eles alegam que os preceitos fundamentais violados são: a dignidade da pessoa humana, cidadania, não discriminação, direitos fundamentais – direito à vida, liberdade, igualdade, proibição de tortura, tratamento desumano, degradante, saúde, entre outros. Mas então pensamos, esses direitos fundamentais que eles alegam que a proibição do aborto viola, não se aplicam também ao bebê no ventre da mãe? Eles também não têm direito à vida? À proibição da tortura? E o direito fundamental deles?”, explicou a advogada.
Visão médica 1da2p
Na sequência, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da disciplina de Obstetrícia, Henrique Diorio dos Santos, apresentou algumas afirmações que são realizadas em relação ao aborto e contrapôs com dados de diferentes países para refutar argumentos usados pelo grupo que defende a descriminalização do aborto.
“Por exemplo, um dos argumentos que é apresentado é que a legalização do aborto diminui o número de abortos que são realizados clandestinamente por ano em um país. Mas a gente vai apresentar alguns dados aqui que mostram que, em todos os países onde foi legalizado o aborto, esse número nos anos subsequentes à data de legalização aumentou substancialmente, em porcentagens que variam de 100% até 814%”, explicou o médico.
Além disso, ele apresentou algumas consequências da realização do aborto para a saúde das mulheres, como aumento de chance de baixo peso na próxima gravidez, e também de um parto prematuro.
Próximas atividades 6q5k23
A programação em favor da vida segue sendo realizada na arquidiocese. Ela ainda incluirá, no dia 12 de outubro, a tradicional Motociata de Nossa Senhora Aparecida. A concentração para o cortejo motorizado acontece a partir das 9h, no Bairro Alto dos os, em direção à Catedral Metropolitana, onde haverá bênção dos motociclistas e Missa Solene às 11h30.
Novos eventos serão divulgados em breve.